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terça-feira, 2 de junho de 2020

Fiz uma mensagem para meus alunos deste semestre 2020/1, e compartilho com vocês, pois esta quarentena foi tão interessante e desafiadora, que merece uma mensagem à altura.
Esse semestre... ah esse semestre foi um grande desafio. Desde seu inicio. Durante todas as semanas. E o final não podia ser menos desafiador.
"Não adentre a boa noite apenas com ternura... não entre nessa noite acolhedora com ternura.
Pois a velhice queima ao cair do dia... fúria, fúria contra luz que o esplendor já não fulgura.
Embora os sábios no fim da vida saiba que é a escuridão que perdura pois suas palavras não capturarão a centelha tardia, não adentram essa boa noite apenas com ternura, os bons que após o ultimo aceno choram pela alvura por que seus frágeis atos bailariam numa verde baía... lute, lute contra a luz que não mais fulgura.
Os loucos que roubarão e cantarão o sol na altura e aprenderam tarde de mais que o lamento toma a sua via, não entram tão gentilmente nessa boa noite escura.
Os graves em seu fim enxergam, com olhar que perfura o olho quase cego, a brilhar como meteoro então se alegraria... luta, luta contra a morte da luz que já não fulgura.
E a ti meu pai te imploro agora, do alto e acima de tudo que perdura que me abençoes e maldigas com a sua lágrima... eu te pediria não entre nessa noite acolhedora com doçura... odeie, odeie a luz cuja o esplendor já não fulgura." Dylan Thomas.
A última aula sempre é muito melancólica, pra mim. Pois é a hora de medir, pesar, verificar se todo o esforço empenhado ao longo do semestre fez alguma diferença, se o impacto emitido foi sentido. E por mais que eu saiba que este impacto não é visível imediatamente, pois se propaga ao longo do tempo como as ondas na água... A expectativa de perceber alguma mudança, indelével que seja, sempre gera ansiedade e, muitas vezes, esse sentimento presente no poema de Thomas... de solidão, fragilidade, senilidade.
Mas aqui está o motivo de compartilhar esse poema nessa despedida, e não é a melancolia e tristeza, mas sim a alegria de ter compartilhado conhecimento com vocês, a satisfação de conseguir alterar, mesmo que só um pouquinho, a visão de mundo que vocês possuem, enfim, nas palavras do poeta: "E a ti meu pai te imploro agora, do alto e acima de tudo que perdura que me abençoes e maldigas com a sua lágrima... eu te pediria não entre nessa noite acolhedora com doçura... odeie, odeie a luz cuja o esplendor já não fulgura." O tempo é um adversário que não está sujeito a lesões, ou fadiga... e por mais que sejamos resistentes, o tempo sempre nos alcança... mas não é motivo para cairmos docilmente, não! Se vamos ir, então iremos lutando, com coragem e um sorriso nos lábios.
Muito obrigado, vocês fizeram deste semestre tão cheio de tristezas, uma das melhores lembranças que eu contarei em todos os semestres seguintes!
Um fraterno abraço,
Prof. Luciano Dornelles.